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Espaços

  • Foto do escritor: alexis-f-s
    alexis-f-s
  • 14 de fev. de 2021
  • 2 min de leitura

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É necessário dizer: era uma senhora formosa. Não pelas curvas (ou falta delas), traços do rosto ou qualquer coisa estritamente visual. Era formosa pela jovialidade e curiosidade que demonstrava em seus gestos e palavras. Parecia querer fazer sempre existir algo de novo. Às vezes, pecava pela ingenuidade. Uma vez, disse a um senhor idoso coisas sobre a juventude. Coisas boas, coisas ruins. Ele questionou mais, demonstrando curiosidade. Depois, ela viu a notícia se espalhar e suas histórias passaram a ser ouvidas em todos os lugares da cidade. Perguntava-se, ainda sem entender: é verdade que essas pessoas não têm ideia do quão diverso era o ser humano?

Percebia-se que ocupava um lugar diferente, talvez, no tempo e no espaço. Ser novo talvez tivesse a ver com ver longe. Ela via além e por isso, suas palavras poderiam ser cortantes. Não seria o corte a ocupação de um objeto por outro, no espaço que não lhe cabia? Nesse não-lugar, ela se manteve e esse foi, desde sempre, o endereço que decidiu passar aos outros: “encontre-me nesse não-lugar”. Aqueles que iam, voltavam ainda mais inexperientes do que foram. E se sentiam prontos para começar.

Os não-lugares têm suas desvantagens. Exemplo: se você respira em um não-lugar, talvez se sinta desconfortável respirando em um lugar comum. Se você se movimenta em um não-lugar, pode parecer estranho dançar em uma festa em qualquer lugar. Entre outras tantas as experiências que se modificam após a visita a um não-lugar. Pessoas que visitam não-lugares comumente são vistas falando sozinhas e tirando suas próprias conclusões sobre coisas com as quais esperava-se que apenas consentissem. O mais estranho é elas consentirem, às vezes, mas aumentarem suas visitas a não-lugares. Então elas permanecem, mas ficam ausentes. Você já visitou um não-lugar? Se sim, será que já retornou dele?

 
 
 

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