top of page

"À Procura da Liberdade!"

e "Um Brinde a Liberdade"

Centro Socioeducativo

de Uberlândia - CSEU

logo pra que isso 2019 01.png

Julho de 2016

 Uberlândia - MG

Quando decidimos realizar a oficina do Bagagem no CSEU (Centro Socioeducativo de Uberlândia), ficamos curiosos a respeito do que viveríamos ali. Os preparativos em si já carregavam algumas restrições próprias do local, o que não nos desanimou. Conhecer o que aqueles jovens tinham a dizer sempre teve mais importância. Entre as nossas ideias haveria – pensávamos - um grande buraco que nos distanciava em experiências, condição social e contexto cultural; o qual estávamos ansiosos por preencher compartilhando nossas utopias e fazendo entremear o afeto que podíamos oferecer.

 

Nos enganamos...

 

01
12
10
11
09
08
07
05
04
03
06
02

O buraco não se tratava de mais que uma mera distância ilusória entre dois planos. De perto, conhecemos jovens comuns, cobertos por uma cortina de realidade que permite pensar que o crime é um caminho possível (e muitas vezes necessário) em meio à rebeldia e prepotência comuns durante a adolescência. Realidade esta da qual estivemos protegidos (e alienados) por termos nascido num contexto social diferente do desses meninos.


A nós, foi dada a possibilidade de pensar que o crime é coisa do outro. Da favela. Do necessitado. Do programa sensacionalista. De uma minoria que na verdade é a maioria que não vemos, porque nossos olhares por si só já foram educados de forma excludente.


A eles, foi dada a possibilidade de pensar que o crime poderia ser um caminho para o sucesso. Cura da miséria e fonte da ostentação. Lugar capaz de acolher o rapaz cujo ódio não coube na igreja nem na escola. Só não foi dada a oportunidade de refletir:
 
Quem, de verdade, se alimenta do crime?


Nossa pobre meritocracia faz crer que não importa de onde você saiu e sim o tamanho do seu esforço. Pra você que afirma isso, eu pergunto: Quantos buracos sem fundo você conhece além do próprio umbigo? 


Não, o crime não é possível. Não é possível na alma de um cantor de rap. Não é possível na alma de um poeta, de um desenhista e de um pintor. Não é possível na alma do filho de quem quer que seja. Não é possível na vida de um menino que só curte jogar bola, ouvir música e nas horas vagas pensar na namorada que está distante.

Meninos, vocês são foda. Vocês são tão foda que é difícil dizer. O que podemos dizer é que o crime não cabe em vocês, muito menos estar aprisionado. E que o que queremos é que tudo isso daqui a um tempo não passe de um pesadelo do qual vocês acordaram, uma experiência ruim, uma grande lição. Tem um mundo grande lá fora com outros bons caminhos que ansiamos que vocês encontrem. Estamos juntos, na arte e na vida.

Bagagem Poética

bottom of page